segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
VOCÊ JÁ VIU ISTO NO GLOBO RURAL?
A Bahia é o único estado do Brasil que produz cravo da índia em escala comercial e para exportação. Nossa produção abastece mercados como Cingapura, Dubai, e até a Índia. Mas o baixo preço tem provocado grande queda na produção e a desistência de muitos produtores, em sua grande maioria, pequenos e micro agricultores. A produção baiana, que já atingiu as 14 mil toneladas, há cerca de dez anos, hoje não passa de quatro mil toneladas ao ano.
“Se não houver uma intervenção governamental, a cultura do cravo da Índia pode até ser extinta da Bahia“, prevê o produtor e exportador, Jorge Nunes, da Agronex Comércio e Exportações. De acordo com ele, como o preço pago pelo quilo do produto no mercado está muito baixo, os produtores não investem no preparo da terra e adubação necessárias para aumento da produtividade. O mercado paga, hoje, R$ 4,5 pelo quilo de cravo. Através da intervenção da Conab, o quilo do produto pode ser comercializado por até R$ 5.
A produção baiana é concentrada na região do Baixo Sul, representada pelos municípios de Valença, Ituberá, Taperoá, Camamu e Nilo Peçanha, e mais ao Sudeste o município de Una. De acordo com o Centro de Extensão Rural da Ceplac, a área plantada é estimada em cerca de oito mil hectares. “O preço é o principal problema enfrentado pelos produtores baianos“, confirma o pesquisador da Cepalc, José Vanderlei Ramos.
Como os agricultores costumam cultivar os craveiros em consórcio com outras culturas como a pimenta do reino, mandioca, pimenta da jamaica e frutas em geral, as outras culturas têm ganhado prioridade em atenção e investimentos de cultivo. “O cravo da índia está perdendo muito espaço para o guaraná, por exemplo, que tem mercado certo entre as empresas de refrigerante“, comentou o pesquisador.
Exportações
Segundo dados do Promo - Centro de Negócios da Bahia, o cravo da índia (aprenda aqui a preparar mudas) representa 95% das especiarias exportadas pelo estado. Ele é vendido especialmente para pólos distribuidores da Ásia, como Cingapura e Dubai, e para o México, onde é usado na culinária. “A maior demanda, porém, é para abastecer a indústria de cigarros aromatizados e essências“, explica o gerente de informações do Promo, Arthur Souza Cruz.
Além do cravo, a Bahia também exporta a pimenta do reino, gengibre e pimentões desidratados. Em 2008, estes ítens representaram US$ 19,9 milhões em exportações para o Estado. De janeiro a agosto de 2009, porém, o valor em exportações foi de R$ 11,3, um volume considerado bom se levados em consideração a crise econômica mundial e a produtividade. “A queda nas exportações foi, em média, de 30% com a crise mundial. Se considerarmos os fatores de sazonalidade desta cultura, os números são positivos“, completou Arthur Souza Cruz do Promo.
Isso porque o cravo, principal produto desta balança, é uma cultura bi-anual, como explica a engenheira agrônoma e chefe do escritório da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) em Camamu, Ana Cristina dos Santos.
“Os craveiros são afetados pela colheita, especialmente se for realizada de forma manual, e no ano seguinte a produção cai“, explica. Hoje quase toda a produção baiana é voltada à exportação.
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